Eu tinha doze garrafas de uísque na minha adega e minha mulher me disse para despejar todas na pia, porque senão....
-Assim seja! Seja feita a vossa vontade - disse eu, humildemente, e comecei a desempenhar, com religiosa obediência, a minha ingrata tarefa.
Tirei a rolha da primeira garrafa e despejei o conteúdo na pia, com exceção de um copo que bebi.
Extraí a rolha da segunda garrafa e procedi da mesma maneira, com exceção de um copo que virei.
Arranquei a rolha da terceira garrafa e despejei o uísque na pia, com exceção de um copo que empinei.
Puxei a pia da quarta rolha e despejei o copo na garrafa que bebi.
Apanhei a quinta rolha na pia, despejei o copo no resto e bebi a garrafa, por exceção.
Agarei o copo da sexta pia, puxei o uísque e bebi a garrafa, com exceção da rolha.
Tirei a rolha seguinte, despejei a pia dentro da garrafa, arrolhei o copo e bebi por exceção.
Quando esvaziei todas as garrafas, menos duas que escondi atrás do banheiro, para lavar a boca amanhã cedo, resolvi conferir o serviço que tinha feito de acordo com as ordens de minha mulher, a quem não gosto de contrariar, pelo mal gênio que tem.
Segurei, então, a casa com uma mão e com a outra contei direitinho as garrrafas, rolhas, copos e pias, que eram ao todo, exatamente 39. Para me certificar de que não havia engano, contei tudo outra vez e quando terminei já encontrei um total de 93, o que dá certo, quando as coisas andam de pernas para o ar. Como a casa nesse momento passou mais uma vez pela minha frente, aproveitei para controlas minhas contas e recontei todas as casas, copos, rolhas, pias e garrafas, menos aquelas duas que escondi no banheiro, e que eu acho que não vão chegar até amanhã, porque estou com uma sede louca...
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Esse texto é do livro Máximas e Mínimas do Barão de Itararé! Genial e indicado!
Eu podia até aproveitar e avisar que estou de volta, mas acho que ninguém mais passa por aqui! Ainda.
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